terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ida ao MASP e Análise do quadro.


Graças a meu querido professor de Estudos da Arte, Roberto Yokota, fui ao MASP e tive que escolher uma obra para fazer uma análise. A obra escolhida foi Madame Anne-Henriette de France - o Fogo, pintada em 1751 por Jean-Marc Nattier. Ele estava bem no começoda primeira exposição que está atualmente no MASP (sobre retratos) e me chamou a atenção por um fato curioso: o quadro seria um retrato qualquer de uma nobre francesa se não fosse o fato de ter uma tocha acesa em cima do móvel ao lado da moça.
Isso imediatamente captou minha atenção, pois parecia ser um objeto completamente fora do contexto. Acontece que ao ver a obra de perto, eu percebi que essa era uma de um conjunto de quatro obras que estavam em exibição, cada uma com uma nobre francesa e cada uma representando um elemento (ar, água, terra e fogo). Por gostar muito do simbolismo dos elementos, decidi escolher este quadro (obviamente representando o fogo) que dentre os quatro apresentados , parecia ser o mais enigmático.
É um quadro classificado como rococó, pintado para ser exibido em Versailles (junto com as outras 3 obras que foram encomendadas juntas). O estilo típico da época pode ser percebido pois o rosto da madame lembra bem o estilo usado nas obras "renascentistas", embora tenha um movimento e um desequilíbrio mais acentuado do que obras italianas, além do próprio uso do tema da nobreza (base do rococó).
Cada uma das obras representa uma das filhas de Louis XV, e elas são pintadas representando uma entidade mitológica que representa o elemento (por exemplo, o quadro referente ao ar representa a deusa Juno).
Este quadro, que representa a Madame Anne-Henriette (obviamente), tem como referência mitológica a deusa Héstia (ou Vesta para os romanos) que é a deusa do fogo e, principalmente, o lar e a família (fogo da lareira). O ambiente doméstico presente no quadro também afirma essa hipótese. Isso é muito importante pois, os quadros foram encomendados para ficarem nos aposentos do Delfim da França, irmão de Anne-Henriette.
O Delfim da época (Louis-Ferdinand) era um homem muito apegado a suas irmãs o que explica os quatro quadros e também a alegoria de lar e família presente nesta obra em particular.
É interessante notar, também, que em um dos pontos focais do quadro fica a tocha, chamando a atenção para o elemento fogo, mas no outro ponto de atração há uma estátua situada a esquerda com uma pira a seus pés. Além de trazer um certo desequilíbrio para o quadro, a imagem da estátua e da pira (provavelemente representando Héstia) reforçam a referência á mitologia.
Outro simbolismo que é possível retirar é que o fogo pode simbolizar o conhecimento. O livro que a Madame Henriette segura no quadro e seu olhar inquisidor (bem do tipo "decifra-me ou te devoro" no estilo da esfinge) remetem a essa idéia.
Assim como o fogo, o conhecimento é essencial para a vida e, principalmente, o progresso do homem. Mas ao mesmo tempo que é essencial, também tem um poder destrutivo muito grande se mal utilizado. O potencial de iluminação do fogo também pode remeter à iluminação através do conhecimento. A lenda de Prometeu reforça bem a metáfora de fogo/saber.
Bom, essa é minha interpretação do quadro. No próximo post eu darei a idéia de um jogo baseado nesta obra.
Fontes retiradas de:

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